
JOÃO JIBÓIA TAXIDERMISTA
MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL
O PRIMEIRO TAXIDERMISTA DA BAHIA

Com um olhar firme, voz incansável e muita história pra contar. Assim foi o encontro entre o taxidermista João Pinho, ou João Jiboia como é popularmente conhecido, com os estudantes e direção do Colégio Dínamo, em Alagoinhas, na manhã de hoje, 18. Os alunos ficaram encantados com as histórias, o trabalho e a garra do ex-funcionário da Universidade Federal da Bahia, desde os tempos do Terreiro de Jesus, em Salvador, até os dias de hoje.
Taxidermista desde 1947, o baiano mais velho em atuação até hoje, João Jiboia conta sua história como quem quer escrever um livro, uma autobiografia. Aos 84 anos, ele já empalhou mais de 5 mil animais, e mostra com orgulho um álbum de matérias publicadas em jornais da Bahia onde seu trabalho é mostrado.
Franceses e Chineses, além de milhares de pessoas espalhadas pelo Brasil, já tiveram a oportunidade de colecionar animais empalhados por Jiboia. “Hoje, infelizmente, com tantos traficantes usando animais empalhados para enviar drogas, ficou muito complicado atravessar fronteiras e mostrar meu trabalho além mar”, conta ele, lembrando de 1947, data em que ingressava como servente da Universidade Federal da Bahia – UFBA, local onde dedicou a maior parte de seus conhecimentos e pesquisas, até 1984, quando se aposentou.
Autodidata, Jiboia conta que adquiriu o ofício de taxidermista por acaso. No curso de medicina da UFBA ele conheceu um francês, que da França lhe enviou livros que mostravam como era o trabalho de empalhar animais. Sua curiosidade te conduziu a um trabalho que o tornou renomado ao longo dos últimos 60 anos. Hoje, sua obra está espalhada por museus, colecionadores brasileiros e estrangeiros, bem como em seu próprio museu, instalado numa pequena área no bairro de Paripe, em Salvador, no zoológico, na UEFS, em Feira de Santana e vários outros lugares.
Casado, pai de cinco filhos e incontáveis netos, Jiboia tem em Alagoinhas uma referência de seu trabalho e de sua amizade. Em 1965 conheceu o então estudante de biologia chamado Benedicto Rangel, hoje diretor do Colégio Dínamo, com quem cultiva uma amizade que dura quase 50 anos.
Os dois têm muita história pra contar. Em 1971, como presente de casamento de Benedicto com a professora Judite, Jiboia deu de presente ao casal uma tartaruga empalhada. De tão grande, ela veio apertada em um fusca 1965 de Salvador até Alagoinhas. O casal mantinha o presente em casa até alguns anos atrás, até decidi levar para o laboratório do Colégio Dínamo. Lá, a tartaruga foi atraindo novos presentes e o acervo de Jiboia presenteado ao amigo Benedicto já são mais de 50 peças, mais de uma por ano no tempo em que dura a amizade.
O taxidermista considera o acervo do Colégio Dínamo um dos mais importantes de sua trajetória. Galos, pássaros raros, peixes e cobras ornamentam o acervo. Ele serve como fonte de pesquisa e amostragem de como são compostos os animais. Os alunos e visitantes ficam encantados com o acervo.
Até chegar à maestria em empalhar animais, Jiboia conta que teve que se esforçar bastante pra aprender o ofício. Seu primeiro animal empalhado foi um peixe de novo curioso, Martin Pescador. E ele conta que empalhar peixe é o mais difícil entre todos os animais.







